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19 de Maio de 2024

O luto da educação e da segurança pública no Estado de São Paulo

Publicado por Andressa Garcia
há 8 anos

A reorganização do ensino público proposta e recém decretada pelo Governo do Estado de São Paulo, foi recebida por alunos, professores, funcionários das escolas e pais com muito pesar e, sem dúvida, desde então tem trazido à tona uma série de problemas que vão desde o setor educacional até a segurança pública do Estado de São Paulo e representam para sociedade uma triste realidade que ao que parece encontra respaldo no cenário nacional de crise somado ao que muitos enxergam como a má administração dos recursos públicos pela atual gestão.

Se o Governo do Estado de São Paulo esperava que a proposta de reorganização do ensino público fosse recebida de braços abertos e sem muitas revindicações pelos afetados pelas mudanças pretendidas, muito se enganou. A reorganização que segundo números divulgados pela mídia afetará cerca de 311.000 (trezentos e onze mil) estudantes, não só ganhou grande repercussão da mídia de massa, como também deflagrou em todo o Estado manifestações de alunos que ocuparam escolas como forma de protesto.

No entanto, as ocupações das escolas da rede pública trouxeram desdobramentos que transcenderam a seara da luta pela educação e demonstraram também os problemas enfrentados na ação e abordagem da Polícia Militar do Estado de São Paulo, organização que há muito tempo vem enfrentando as críticas da sociedade por ações repercutidas na mídia que demonstram o despreparo dos agentes da segurança pública estadual cominada com a truculência e dissonância com o que manda os ensinamentos éticos e morais da profissão, bem como o ordenamento jurídico vigente.

Ocorre que as ações da polícia dentro das escolas da rede pública têm sido gravadas pelos estudantes e publicadas em redes sociais para dar voz e reforçar as manifestações, objetivando ilustrar a sociedade o que tem acontecido dentro das escolas em ações da polícia que são muitas vezes legitimadas por denúncias anônimas que à luz do texto constitucional autorizam a entrada dos agentes, e resultam em tumultos, violência, ameaça com armas de fogo, bombas de gás e etc., isso tudo eternizado em vídeos que circulam pela rede cibernética.

Não obstante, a reorganização do ensino público vem à tona em um cenário nacional de crise, o que por si só denota a medida proposta pelo Governo como forma de corte orçamentário da educação, mascarada de estratégias pedagógicas que são facilmente contraditas se observadas à luz da realidade vivenciada nas escolas da rede pública que certamente carecem de mudanças estratégicas, mas somadas a investimentos e não cortes e reduções de escolas. Tanto é verdade que há poucos anos se discutia o aumento no quadro de professores e criação de novas salas para evitar salas superlotadas que repercutiam no déficit de aprendizagem dos alunos.

Diante de todo exposto, é cediço que a educação do Estado de São Paulo vive um período de luto em face da recente publicação do decreto da reorganização do ensino público, que, em meio a manifestações e críticas, veio à tona repercutindo não só os problemas educacionais que visam ser mascarados, isto é, se não forem ampliados, como também o caos que se vive à segurança pública estadual. A luta travada pelos estudantes que ocupam as escolas não é somente deles é da sociedade que, sem dúvida, pagará a conta da regressão que sofrerá a educação pública estadual, que há anos já cambaleava.

  • Sobre o autorAndressa Garcia, Entusiasta do Direito Digital.
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Infelizmente a motivação é meramente política. Os estudantes sequer possuem compreensão do que vem a ser a reorganização e seu alcance. São apenas rebeldes sem causa que embarcaram nos sofismas de grupos de esquerda.
O Estado não tem a mínima obrigação de aprovação de pais e alunos para deflagrar política de educação. Educação é dever do Estado. No entanto aqueles que não se sentem satisfeitos com o que o Estado tem a oferecer deveriam mudar para a rede de ensino particular. Na minha opinião os "estudantes", ´principalmente os "di menor" estão abusando da ignorância. Impedir fluxo de trânsito de milhares e milhares de trabalhadores, impedir o direito de ir e vir de outros milhares de pessoas, além de dificultar acesso de ambulâncias e pessoas que precisam chegar a médicos e hospitais é no mínimo insano. A sociedade não compartilha desta forma insana de manifestação. O período de luto deve ser creditado a esta juventude que sequer sabe redigir um texto de 10 palavras sem errar pelo menos cinco. continuar lendo

Acho que as pessoas não se ligam no motivo de haver eleições. Oras, elas existem justamente para que algumas pessoas atuem em nome da coletividade.

Se cada decisão tivesse de ser submetida a uma aprovação popular, basicamente seria inútil eleger alguém.

Querem manifestar e dizer-se contra? OK. Mas há regras para a manifestação. E invasão não é manifestação, é crime. Ao menos deveria já que a Justiça mesmo disse que os manifestantes não precisam sair das escolas. continuar lendo

Todos os pontos aqui debatidos são válidos e querendo ou não retratam a realidade que vivenciamos hoje em vários setores geridos pelo Poder Público que estão mais que falidos no Estado de São Paulo, estão, em verdade, sendo sepultados juntamente com a Carta Magna e o pouco de esperança que nos resta em um futuro melhor para as nossas crianças e jovens.

Infelizmente, nós que estamos de fora da luta travada entre alunos e Estado nunca saberemos a real motivação e sempre haverão as duas faces da moeda, devendo cada qual formar o seu convencimento. No entanto, eu acredito que as manifestações e ocupações de escola por alunos estão sim sendo motivadas pela sedenta vontade de fazer cessar estes cortes orçamentários em setores essenciais para sociedade.

O grande cerne da questão não está na legitimidade investida ou não ao Governador do Estado para bem representar o povo, mas sim na forma que tem se conduzido o mandato de forma a regressar em diversos setores com manobras políticas que embora legitimadas e mascaradas de boas intenções, nada mais são e representam para o Estado de São Paulo do que que números orçamentários, pouco importando o regresso e as consequências advindas de medidas como a anunciada.

A rede de ensino público do Estado de São Paulo carece sim de medidas de restruturação, mas há muito tempo se discute a falta de investimentos para ampliação das escolas, ampliação do quadro de professores e etc., tudo isso em prol de evitar a evasão escolar e melhorar a qualidade de ensino. Em contrapartida, o projeto de reforma em discussão traz à baila uma série de medidas contrárias a realidade escolar e está longe de representar os investimentos necessários, mas pelo contrário teremos grande regresso no que tange a qualidade de ensino e a evasão escolar.

Quanto ao cunho político das manifestações é certo que ao menos ao Governador do Estado a repercussão preocupa, já que no dia de pesquisa vinculada sobre a queda da popularidade deste, foi anunciado o adiamento da reforma. Quanto aos jovens, acredito que eles não iriam tão longe pela estúpida motivação política, sendo que a esmagadora maioria nem ao menos possuí idade mínima para filiação em partido político. No entanto, seria premeditado da minha parte dizer que não existem pessoas nas manifestações em comento que guardam interesses meramente políticos, assim como é premeditado dizer que as manifestações estão balizadas em motivação meramente política.

Contudo, não significa dizer que as manifestações não estejam ultrapassando os limites do bom senso, assim como as ações da polícia não tenham representado verdadeira afronta aos limites do poder investido aos agentes. No mais, é importante fazer constar que a minha opinião aqui expressa é historicamente pautada em experiência pessoal, já que sempre estudei em escolas da rede de ensino público durante toda minha jornada acadêmica; apartidária, sendo que não me simpatizo com nenhum partido político e por ser uma das eleitoras que elegeu o atual Governador, por até então acreditar e apoiar os investimentos feitos na área de ensino como, por exemplo, a implementação do Caderno do Aluno; e, por fim, por ser uma grande admiradora da Polícia do Estado de São Paulo. continuar lendo

Esta batalha "estudantes" não passa de mera politicagem. São inocentes ou ignorantes úteis. O governo federal cortou 10 bilhões da verba da educação. E ai? O que os "estudantes" ativistas fizeram? continuar lendo

Esta manifestação é política, basta ver a quantidade de cartazes de partidos de esquerda... Queria saber onde estes protestantes estavam quando Dilma tirou bilhões da educação... continuar lendo

Os alunos podem e devem se manifestar. Mas para isto há regras e eles não estão cumprindo elas... continuar lendo